domingo, 14 de setembro de 2008

Monólogos

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Olhar vazio para umas imagens fugazes e desfocadas num quadrado que desprezo, cigarros ardem no cinzeiro já preto, maltratado e abusado.
O Copo que se assombra á minha frente faz insurgir a duvida.



Abana-se o copo e espreita-se a cor, na esperança de reflectir uma outra imagem que não a que espreita, na esperança de derreter o gelo do copo e as pedras da alma, abre-se a boca e deixa-se escorregar aquele liquido doce que tacteia os lábios que ardem e a língua que não se cala.



Decide-se finalmente pensar no assunto.
Os olhos pregam-se em palavras injuriadas a uma cadeira vazia qualquer. Mais uma passa no cigarro, mais um dia a menos... O cérebro teima em fugas aparentes na tentativa do desvanecimento. Decide-se mais uma vez pelo debruço sobre o tema. Os olhos espairam, atravessam e fixam, o corpo fica imóvel, o respirar cessa. E visualiza-se a cena em questão.

Focagem absoluta.
Quase que dá para ouvir os pensamentos.
Quase que dá para morrer naquele momento.


Numa viagem interna, desliga-se o corpo, o contacto com o mundo... Começou a viagem...



Ás tantas corre uma lágrima que embate na borda do copo, o gelo derreteu, o cigarro apagou e o dono anuncia que já fechou. Levanta-se os olhos poisados naquela fusão de álcool e sal,
prepara-se a nota, diz-se Boa Noite e desvanece-se.

E nesse dia especial, porque se reviu e se refez,
decide que acabou a guerra, o amor e o fel.



For now on... im Numb!






2 comentários:

Estranha pessoa esta disse...

Focagem.
Lágrima.
Foco.
É.

Misantrofiado disse...

...e é aqui, no cenário destas tuas palavras que mais sinto o piano.

[monumental melancolia dedilhada]

É assim portanto, aqui… neste… que me decido observar-te imóvel e através de um característico mutismo.

(eu sou quem agradece)