sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sem título e sem nome











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A brisa fresca da noite remanesce-me à obsídia permanência que se renuncia, como gotas de água quente a escorrer pelos dedos pendurados, desta realidade ímpia que se assombra na pantalha das esquinas.








Cruzadas, as pernas, no beiral de um baixio miradouro, poiso a chávena no colo.











Sustentei o tempo na contemplação da sedição ininterrupta das hostes, observando o universo pairar serenamente, como uma canoa deslizando no leitoso desaguar de uma lagoa límpida.


A serenidade do desassossego desaguou-me nos olhos.








What’s the point? - Pensei eu obtusa à realidade...







Cruzo as pernas e aguardo na dissimulada tranquilidade, que a canoa do tempo me leve as cinzas do corpo.

























Who I am? No one knows.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O meu silêncio tão cheio de mutismo obtusos

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"Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, v'ambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva


Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas"



O taciturno mundo parou,
as antigas badaladas já não ecoam,
em divisões nuas de tantos móveis,
o relógio de parede estagnou.

A Lua já não brilha,
as árvores já não murmuram,
e os morcegos…
esses tantos que me habitam os becos,
nem esses... confidentes dos meus segredos.
Nem esses.


Tudo se silenciou.


Os meus dedos já não escrevem,
nem a caneta, nem a gesto,
vagos e perdidos numa aragem de verão,
esses, porém não esquecem...
Já nem os sonhos gemem,
o corpo recusa o manifesto,
e a mente adormece em protesto.

Enquanto os dedos estiverem vazios,
enquanto a cor for cinzenta,
no lugar do coração.
Esse tal, que se quer eterno.






* Letra de Adriana Cacanhoto - Vambora