terça-feira, 30 de setembro de 2008

Gay, part-time Lover!

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Mantenho uma relação obscura dentro das minhas quatro paredes. È um mistério por si só que se deslinda na desmistificação do paladar.

È quente, muito doce e espessa... ai esta minha condessa!
Companheira de tormentos, envolve o sal que se morre nos lábios numa mistura de mel e fel num passeio pelos prazeres da comiseração. Aporta-se-me na boca como se de uma amante se tratasse na cumplicidade do acto misericordioso do sonambulismo que me mergulha.

È nas noites do mais santo dia dos sete, que lhe acho o encanto perdido de serões passados a dois de uma alma residente no bojo, tão apreciado e usado por tantos...
Emulação? Não! Altruísta perante a humanidade é o meu sentimento de ponderação da minha condessa que se debruça num escorrer em mim... e nos outros! Normal pois será então antever que ela ande de mão em mão por entranhas e por lábios terceiros que, inclusive, dentro das minhas quatro paredes, se mistura o prazer na desconcentração a três, ou a quatro ou até mesmo mais! Orgias inesquecíveis!
Partilho a minha condessa dentro e fora das minhas promiscuidades de peito aberto na concretização filantrópica.

Sou uma gay a part-time.

Ao cessar do último parágrafo racionalizarão uma ambiguidade de conjecturas ou mesmo a total confusão… estará ela a falar de quê?

[E agora vos deixo a pensar qual será o nome da minha cortesã, se é que isso sequer interessa]








PS: Os comentários a este post serão publicados daqui a uns dias, se caso disso me recordar.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Bica no Zoo


















Deparei-me com a minha visão do mundo no dia em que sai de mim e me revi pelos olhos dos outros... Uma estranha pessoa com o cabelo arrepanhado em forma de repuxo no cocuruto de mim.

Abrem-se os olhos numa arrebatadora visão
Bate no cérebro a imagem…
entre mim, o tecto e o colchão.

Certos dia haverá que tudo isto,
o nada, me faz confusão.
Outros que lhes acho a verdadeira gratidão.
Celibato rubro tingido na minha negridão.

Domesticando-a no meu colo a adormeço
enquanto lhe cheiro o arfar
que se ecoa na minha mão.


Faço de facto alguma questão
de ser só eu e a minha prostração.

Maior loucura é tê-la na mão,
preservá-la na intenção
de não permitir que ela se escape
pelo meio dos dedos,
no célere calor da evasão.
Será que me é permitido viver, eu e a minha cenobitação?
Sim, eu disse viver…
Não, nem sequer faço questão da legibilidade.

Permaneço neste vai e vem
que puxa e empurra a solidão.
Até ao dia nunca consegui
não possui-la dentro do coração.

Sou um animal solitário.
Uma deambulante,
muitas das vezes por opção,
pois a solidão nem sempre esteve só…
Houve aqueles mais corajosos
que tentaram arranca-la da mão.
Escusado será dizer que o meu olhar
lhes negou a compreensão.
Petrificam-se perante tamanha recusa da normalidade.
Recuso-me a abrir a minha mão
Não autorizo tamanha intromissão
…porque aí, já nem a frustração.

Eu não sei viver sem o meu cão.

E aqui se esboça um sorriso teimoso.

porque eu afinal, adoro gatos.

Isso fará de mim um... gacão?!




Não largo o meu cão
Nem olvido o meu gato.

E no fim de contas sobro eu e o meu gacão que é muito mais que esta simplória defenição de mistura genética traçada de alienação...





Coexistencia pacífica neste Zoo que aprecio ao beber a minha Bica.


"Curta, sff!"















[Sinto-me fornicada por este HTML... Rnhauf?! ]

Caído

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Escarlate deslizando na combinação do rosa
delicadamente caído pelo corredor
abandonado na forma deleitada na madeira do chão

O desconsolo do toque frio do cetim
que se habitua e transfere o ardor
é despejado pela cor de um sonhado fim.


Faz avançar a sombra
que deforma à contra luz
num desprezar do contorno
bebendo um doce morno
deleito de uma suspensa cruz.
Na existência de um fervente pensamento
que se escorre pelas gotas num crescente tormento
lavando a branco o cinza que não lhe faz jus.






Faz avançar a sombra
que se forma à contra luz
de uma inconformada languidez
pintada a
escarlate
e rosa
da tez










domingo, 28 de setembro de 2008

Passeios nos pés

Pelos meus passos passados pelos meus pés
passo a pequenos passos por passos de outros pés.


Não lhes estranho os enlaços,
muito menos os traços,
que fazem dos passos
caminhos dos meus pés.


Passeio a pequenos passos por passos que conheço como sendo meus pés.
Piso e repasso por passos que passo.

Olho para trás e afinal não só eram passos
eram caminhadas a dois compassos.


(walked without me)


Páro os passos
afundo os pés,
e reparo que há passos a mais
além dos meus dois pés.


È um passo passado que repasso em passos que inda não passei.
È um passeio pelos passos que conheço e ainda nao sei.



























(Walk with me)

sábado, 27 de setembro de 2008

Movimentos

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Seja este ou outro mais sobejamente delicado
Petrifico por entre a multidão.
No confortavelmente escuro me instalo…
O som estremece-me o corpo,
penetração que ecoo nos movimentos da noite.

Invade-me os pés que teimosamente irrequietam
As minhas ancas que (in) discretamente balançam
O meu torso que contrariamente se ajeita
Ao formato do som.
As mãos que percorrem o ar
Caçam o beat que me possui.
Os cabelos que voam ao movimento dos graves
Numa combinação de ombros e costas serpenteantes
que se contorcem com o ácido dos agudos.

E isto é somente o ambientar à pista…

Depois?
Depois é uma explosão de transe que me invade as cores que me abraçam o corpo e transpareço numa orgástica potenciação de mim onde pinto a minha libertação tão profundamente como as gotas de suor que me percorrem o corpo.

Exorcizo-me

Fundo-me.

Violentamente delicada na ténue linha do Horizonte - its Above and Beyond me.
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The Dancing

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Recordo os tempos exauridos viajados entre alternâncias de horas extensas sentada numa sala de aula, onde tudo ouvia menos o que se dizia, e as não menos extensas aulas de ginástica, dança, ballet… onde se fazia de tudo e onde se puxava ao limite do ser, quer no esgotar das forças, quer da expressão da arte dos movimentos delicadamente potentes.







Foi assim que aprendi a expressar numa linguagem corporal que só eu entendo. Mesmo quando vendo representações, que a olho nu, se surgem dissonantes e contrastantes com o som de background ou vice-versa, estremeço e emociono-me com tamanha deidade revelada. E especialmente nesses, aplaudo de pé.







Cada movimento desenhado no espaço que se traça a fogo na continuação da expressão é por mim sentido com a potência do som que me embate no corpo. Ainda me marcam hoje os jeitos de umas pontas nos pés... Tenho calcificado em mim os movimentos esticados e suavemente coordenados da bailarina, ginasta que em tempos fui. Guardo no peito a saudade daqueles tempos tão magnânimes…







Hoje em dia, por falta de tempo, esconjuro-me num Night Club qualquer quando o simples dançar em casa não me acalma a alma devido á ausência do embate do grave ou do tempo…
Qualquer coisa me faz dançar desde que me envolva intrinsecamente e me transmita, pelo penetrar do ouvido e vibrar do meu corpo uma qualquer sensação de movimento.







Perco-me em expressões de mim, nas noites que me exorcizo numa entrega inexplicável ao som, que raramente dedico e outras difíceis vezes permito olhares terceiros. Transmuto-me naquele ar espesso que arranha a garganta, difundo-me em movimentos que desconheço a estética e que implicitamente reside em mim.


















Exonero-me e encanto-me num voar transcendente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Letters to a Stranger



Dear Stranger,

I picture you as a giant hiding in the shadows of a word.
Would it be to much if I kiss you forehead?
Would you crack me up if I just sit by you?
After all, we do share the same silence...

Let my voice sing you a Lullaby song
let my fingers swim between your hair
allow me to rest your soul
on my lap...
siting on this garden chair.






O intervalo entre o ser e a pele que nos circula
faz de nós solitários deambulantes
nesta escalada á superfície
entre ossos, tendões e carne
que cerram o caminho dos olhos,
encontramo-nos trancados no vácuo.





My best Regards and Kiss on your finger tips,
The Stanger










quinta-feira, 25 de setembro de 2008

(in)Visible

Não sei

Não quero

Não aguento





Sustento...

Sustenho...





Inspiro num expirar de nadas

cheios de todas as ilusões

curvam-se os sentidos de turbilhões

de invisíveis palavrões

[que não sentes?]





Não sei

Não quero

Não aguento





Resvalo...

Desvaneço...







Hospedam os cetins no meu ver

Ludibria o parecer

Desassossegos de mim

que desconcertam um nim

que não sei dizer

explanar ou fazer.



Porque eu no fundo

Não sei

Não quero

Nem Aguento.

Afogam sentires

acorrentam o ar

Sufocam...





Grito a plenos pulmões até que o peito se rasgue e se liberte numa tentativa inútil de perder o sentido de sentidos sentires. Sei que ninguém ouve... corrói. Destrói. Mói. Mata-me. Esgaçada vida para este mundo de negro. Meu escrever é etéreo e frustração minha que desconheço o transparecer, o nada que me consome que não sei traduzir. Sou a frustração de palavras que sufocam na minha boca cerrada, numa entoação da minha língua no meu palato que pressentes e que efectivamente sentes.

Só não me ouves, nem lês, nem vês...



Hoje não se aceitam comentários só sentires nus e crus.

Cinzento, verde e vermelho

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"Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

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Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
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Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração."
(de: Luís de Camões ao som de Zeca Afonso em "Traz outro amigo também")























Chove em mim os teus pesados passos,
de passagens que não se recriam
infiltram-se entre os espaços...
Mas eu (não) sei preencher o teu nada.
O vento frio desta cadência de doce suspirar
de uma qualquer ausência,
de um não querer olvidar,
sombras que nos perturbam a existencia.
Indegesta pendência - Será?
Precorre-me os verdes campos
que se fecundam ao teu lugar,
espreita o vermelho do meu olhar,
ara-me com a força do teu chover.

E eu? Eu não tenho medo do teu chover.
Seria num utópico diurnal
que o desabrochar
precedia o brilho do teu sorrir.










Enraizo-me aqui...

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Indissociável



Um dia irão perceber que eu, sou eu. Não a outra, nem aquela, nem a suposta ou a composta.




EU!











Será que me vês os flancos ou será que me vês toda, por inteira, nua, assumidamente eu?
Ficaria horas a explicar-te que eu sou eu, mesmo quando não pareço eu, mas ... talvez não seja nada que já não saibas...
È... sou Banal!




Será que me lês?


Eu não me (re)parto em seccionamentos infinitos fraccionários de mim...
simplesmente porque sou eu,
mediante o vento ou a brisa que me sopra nos pés,
espalho o meu perfume e o meu veneno.
Espalho-me
Dissipo-me
Revejo-me.





















Será que um dia vais perceber que os meus dois pés caminham lado a lado e não um á frente do outro?


Será que um dia vais perceber que o meu Tango é dançado com a Sombra num entrelaçar de duas pernas que nunca se separam nem nunca dirão adeus?



(imagem: Auto retrato representativo)





É... também aqui faz eco.











[Um dia... pode ser que nos consigamos desencontrar debaixo do rio onde tudo é Dry Martini, verde e vermelho. Porque o amanhã existe depois do eclipse. EU CREIO!]

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Grisalho dos cabelos

A realidade bateu-me á porta.




Advertida anunciação ao raiar do fulgor
olvidada pela esplendorosa nascente,
felizmente esquecida,
ostracizada pela ascensão prometida.
À priori.


Hoje, eu sou a desiludida
a caída na pendência,
acordada dormência,
de mais um "menos um"...
Hoje o sol não invade
Hoje o ar não passa
Hoje a água não corre
Hoje o fogo não queima
Hoje a terra não canta
Hoje os pássaros não voam
Hoje o cão não ladra e o gato não assanha
Hoje, nem o café aquece... nem a chaleira grita...
Hoje...
calou-se o murmúrio,
instalou-se o vazio,
não sorrio,
não penso,
só sinto,
não escrevo,
só choro.
Não me encontro,
perco-me em memórias de ti.
Hoje até o relógio parou.

Amanhã será outro dia,
outro amanhã,
igual a hoje,
mas amanhã...
que nunca mais chega....

A cabeça na almofada inquieta
espelha-me o teu profundo silêncio
O zunir do nada.
O corpo inerte convulsa em revoltas
que se somam com as horas,
as que conto no mostrador.
Os pés que se roçam no pano
na tentativa de te suster.
As mãos que barram o correr da minha saudade.

Conta-me mais uma história
por favor...


"Uncle John... i do fuking miss you a lot...".
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Hoje... não....

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Hoje é dia de Molière
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Tock
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Tock

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Tock
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Inspira-se profundamente abraçando todo o ser que existe ladeando o mundo, leituras de um peça memorável que só se lê num dialogo descontraído e de todo profundamente sentido de Àfricas lutadas, sangradas, vividas, morridas e sobrevividas, num caos de transito comparável a uma selva que me relatavas tão bem.... misturando em cores e sabores de bafos quentes e abrasadores de um continente que não sei o traço. Memórias que se cravaram na minha alma com sabor a ferro de alguém, tão magnificente... que hoje, neste dia tão triste e deprimente, se fechou num olhar que nunca mais vai voltar a ver, numa voz que nunca mais vai voltar a contar as histórias de um continente perdido, numa mão que sempre sabia o poisar do ombro do amigo que trazia sempre consigo um pedacinho dele mesmo... aquela tez marcada, cansada queimada de sóis, muitos e escaldantes, olhos profundamente ricos em vidas tão sabiamente vividas...

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O sentar naquela esplanada, sentir a tua ausência tão sentida no café que já não bebes, na cerveja que já não pedes, no cigarro que já não fumas... na cadeira que já não sentas, na mesa que já não ajeitas, nos caracóis que já não comes, no sitio onde nos encontrávamos a descortinar as vidas e as passagens de nós...

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Aceno-te aqui, este meu ATé Já...

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Deixou hoje tão mais que palavras bonitas...

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..

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Tock






Tock






Tock


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E fechou-se o Pano molhado nas minhas lágrimas

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De unhas cravadas no chão

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De todas as coisas que mais me chocam intimamente, a desilusão é uma delas.


Baixar os membros e cair o sustentáculo da vida numa pendência abismal para o vazio, onde só se sente que não se sente numa inércia congelante que perturba até o sossego. Acerebral postura mediante imensidões da vida proporcionadas por pesares e pesaduras actuais que balanceiam o corpo num movimento cingidamente autista que culmina num implodir do ser - a morte da alma.


Estrondo sentido no meu corpo erecto e rijo sentido pela onda de choque que me queima o peito á abertura e que me revolve as entranhas despojando-as em homenagem de quem morreu, ofereço um bocado de mim, ainda em sangue, a palpitar de força e ruborizado. Sei que a minha nunca seca numa eterna batalha inerente, por isso dou a quem de direito a minha garra que rasga a vida e o mato penetrando á força e com ardor no betão da vida - o renascer da alma.


Matematicamente desconstruo todo o esgoto eliminando saídas anais e outras mais porcas que tais. Desfio o novelo de merda enrolando-o nas mãos, desembaraçando qualquer confusão para que no fim, só reste um caminho. O frontal.












[Weber am Webstuhl de

Vincent Willem van Gogh ]



Sou como o tecelão que nunca dorme, construo a minha vida num emaranhado de conflitos.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Tchim Tchim!




Mais 1.














Como o Vinho do Porto, quanto mais velho... melhor!





È preciso degustar,


cheirar,


sentir a delicadeza do vapor,


sentir a textura,


o peso do balanço do corpo,


deslizar pela boca,


a espessura na língua,


a infiltração pelos dentes,


inundar o paladar,


um frutado que inflama de doce,


engolir,


e sentir a plenitude que inunda por dentro.






Tchim Tchim!

domingo, 21 de setembro de 2008

Ressacas secas

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Ajeito o cabelo que me risca a visão
quero ver tudo.
Balanço entre o asfalto e o céu
passeios meus.
Sinto a calçada no meu coração
desajeito teu.




"Uma bica curta sff!"
Monólogos monocórdicos.
Indignada pela parca metragem,
fumo um cigarro,
ao frio.

Suplantada na cadeira gelada,
ainda húmida pelo orvalho,
quase sempre habitada
por almas pesadas e arrastadas
por corpos desgastados,
coalhados,
onde só reside o excelso.


Impressões estampadas
em leituras usadas...


"Mais um morto."
Ecoam os sons dentro de café.
Reparo nos inúmeros corpos,
que ainda deambulam,
vazios,
ocos,
e frios.






Um dia disseram-me que o CM era para ser lido na Horizontal, para não sujar a roupa com o sangue que lá escorre. Será exploração do mediatismo ou... será que a indiferença se tornou banal?





Não ignoro,
simplesmente já não tenho espaço.



De perna traçada pondero,
ouço os carros, as pessoas e os pássaros.
Aventuro um Bom Dia
a voz ainda virgem nesta manhã.
Afónico,
quase mudo.




Conjugo as nuvens na liberdade
vejo para lá do Horizonte.
Enrolo o casaco no peito,
espreito-me naquele copo de água,
desvaneço no cigarro que apago.
Cinjo-me.




Flutuações inaudiveis
de visões pouco periféricas
em sabores amargos
de cheiros perfumados
tacteados nas rugas.





Nada se vê,
nada se lê,
nada se escreve.
Nada-se
no
Nada.







Ajeito-me no balanço da calçada.
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sábado, 20 de setembro de 2008

Chagas que me Arrastam

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Sangue que bomba numa fluidez,
ensurdecedora,
dentro das veias,
ressaltam o flanco execrável
- Arrepia a espinha e contorce o corpo -
possessão da violência intrínseca.



























Deforma-se o rosto.
Funde-se os olhos.
Inflama-se os passos.




























Absorvo mais umas partículas deste ar que me rodeia,
nicotina,
odores,
álcool,
arrebentam-me os pulmões
e corrompem-me a voz.

Estala o cérebro em jornadas intermináveis,
que levam até ao fim do mundo,
rápidas e certeiras que nem o sangue
- Memórias de mim.
Esquizofrenias taciturnas,
perseguem-me desde que fui gente,
descontente…
com o "PELANETA"'zinho
lindinho,
bonitinho,
cheirosinho
e amiguinho.

[Sou sensível como as papoilas]

Sentida numa abertura á dimensão escura
eleva-se á musica que ouço.
Vomito a minha revolta nuns sons que,
espero eu,
ninguém os sinta.

Não me fales…
hoje faço-te um buraco na alma,
chupo-te o sangue
deixo-te morto
largado ao “PELANETA”’zinho.










Hoje sou de uma violência

que me transmuta a algo que...


Conheço...
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Hoje sou Berserk.















Revolto-me perante a diferença da existência putrefacta dos cães.
Sou um ser violento,
Não encontro a paz,
O silencio,
O famoso sossego.
Sublime até no sacramento.

Hoje não…

Eis que me dispo de rodeios e assumo a violência que há em mim.
Sem pudores, medos, castrações ou simulações.



Sou plena em tudo o que sou.






























Blogues... ou não!

Porque não apetece ler.

Será preguiça? Falta de pachorra para clicar num link qualquer, provavelmente dentro de uma pasta de nome "Favoritos" que, pelos vistos, de favoritos têm muito pouco...

Será incapacidade? Falta de concentração para ler (compreender) um texto grosso e comprido cheio de metáforas, analogias e simbologia.

Será pressa? Falta de tempo para ler uns certos "Favoritos", porque ler, leva o seu tempo. O seu e o dos outros.

Eu cá acho que é Egoísmo.
Egoísmo porque se está centrado no próprio umbigo, numa atitude cingida contraída do ser. Onde só o ego existe numa explanação infindável de sentimentos (im)potentes. Onde não há espaço para leituras (in)convenientes que tocam num sítio qualquer que não devem ou só porque resvalam na carapaça de uma indiferença qualquer, cegamente superficial.

Solução?
"Delete" [-se]

Eu cá vou-me torturando numa faceta masoquista mas muito intimista. Porque eu cá gosto mesmo é de ler.

E perguntam vocês, e muito bem: "Mas o que é lhe deu, naquela cabeça de alfinete, para publicar uma mixórdia destas?"

È que, seguindo um conselho de alguém, resolvi nadar na blogosfera. Saí de lá com cheiro a merda entranhado no corpo... mas o facto é que, quem escreve num blogue qualquer e se auto assina com nomes do género: "auto baby" (a pior conotação que vos passe pela cabeça, é essa a correcta) explana coisas como: "Que belo dia de sol que hoje esteve!". E pensam vocês, e muito bem (ou não), que a vida desse/a "auto baby" deve de ser tão cheia de vacuidades e nulidades que a única coisa que se assopra dos dedos é mesmo um cliché qualquer que se insurgiu no meio do nada. Ora pois bem, acontece que, frases como: "Que belo dia de sol que hoje esteve!", podem estar recheadas de significados implícitos... e os dedos que assopraram esta frase, e outras do género, podem esconder uma qualquer alminha potenciada de tal forma que um pequeno "Que belo dia de sol que hoje esteve!" descreve a plenitude de uma situação qualquer imensamente... imensa. Logo, não negue á partida uma ciência que desconhece!

Sim, raramente são "auto baby" com recheio, é, eu sei. Até porque me deparei com outros blogues bem mais... excêntricos na sua inexistência de consistência. O que mais me afrontou foi uma leitura sobre “Big Foot”; não, não era o Mito, mas sim os veículos King Size. E o dito blogue cingia-se a um publicar de fotos, tremidas, descentralizadas e desfocadas de rodas enormes que esmagavam pequenos carros, com pequenos textos monocórdicos onde se conseguia ler: "Que giro!"

Ora bem, ou eu sou muita parvenga e não sei ler conteúdos escondidos ou então... prefiro não me estender em adjectivos!

O que é facto é que, como diz o Meu Caro, agora toda a gente tem um blogue, toda a gente escreve e toda a gente se lê. Mas... será que se lê? E será que vale a pena ler?! Toda a gente tem direito á vida e ao direito de escrever numa tentativa de expressão e de liberdade de expressão. Só por favor, não me enfiem "baby Autos"'s pelos olhos a dentro...



Enfim, tudo serve para qualquer coisa, mais que não seja para nos lembrarmos que temos olfacto, ou seja, gosto.



O que é facto é que a minha listinha de "Favoritos" é muito pequena... e lamento-o!




Notazinha de rodapé: Os nomes aqui expostos são de auto criação minha no intuito de preservar identidades alheias.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Elevação

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Levanto a cabeça expulsando o cabelo dos meus olhos,

deleitando-o nas minhas costas que se insinuam curvas,
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roçando o tangível do prazer.

Caem os cabelos selvagens pelas costas abaixo,

que nem rios de gemidos e gritos de indelével ser.

Penetro-te com os olhos,

entro pelo teu corpo a dentro animicamente

e possuo-te assim, olhando-te...









Faço-te sentir a minha magnitude

estremeço-te numa escala de Richter, 10!

onde no começar da minha dança,

te deixo Teso que nem um Alexandrino!








Hoje danço só para mim

onde te autorizo a visualização do meu ser

numa expansão absoluta,

de Liberdade, pureza e Intensidade,

permitida pela minha sedução profunda

que transpiro pelos poros da minha pele.

























Transporto nas minhas mãos os teus dedos

que me fazem viajar,

o teu toque,

o teu apertar,

esfregar,

roçar,

o teu penetrar...

pelos meus dedos...
















Balanço-me num movimento perpétuo,

na busca de ti em mim.





Ao som de um Tango te tenho

sem sequer te tocar.

Resvalo em ti, por ti e em mim,

o meu cetim,

numa acção sexual

onde não me mexes e ainda não me possuis.

Os meus joelhos que te aconchegam o sexo,

e te cortam a respiração,

as minhas pernas que te circundam os braços,

e te congelam os movimentos,

os meus Seios que te apelam o tacto,

e que te fazem salivar,

o Meu sexo perante a tua Boca...

num vai e vem que te anuncia,

Intocável.





Agora entrego-me a ti,


Oscula-me a alma,


Transcende-me,


De olhos fechados, sem medos!






Elevo-te á Potencia da Loucura.


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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Objectos

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É o Vicio dominador que exercita o sangue
numa deslocação perpétua
no âmbito compulsivo de inundar,
num acto absurdamente avassalador,
o busto que carrega ao peito.




São fugas evasivas de perspicácia
com alusões evidentes a passeios e a dores,
adornadas com cardos e outras flores
que nunca olvidam a solidão.




Foi na perdição sem medos e sem pudores
sem tabus ou clamores,
que o acto misericordioso de um êxtase alucinante
se absorve em fantasias e terrores,
que por entre os dedos se escapam,
na Ilusão.





As algemas prendem os pulsos ao topo da cama
intuindo o prazer da turbação dos movimentos
mediante energúmena exaltação.
Chicotes que passeiam pela delicada tez
evaporando crostas passadas,
evidenciando a nudez.
Penas que acariciam as coxas
numa osculação voyeur,
que transcende a capacidade de concretização.











Chicotes, Algemas e Penas.
Objectos do planeta Kinky.






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Insanidades

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Descurando preocupações fatalistas e utópicas viajamos no mundo para lá do Horizonte, onde tudo é feito de TUDO (eu e os outros) na sua Total Imensidão. O problema que se levanta é que na primeira viagem a coisa é quase sempre NEGRA e assustadora, logo os marinheiros de primeiras águas recuam sem saberem o que perdem, que é tudo, eles e os outros. Assim, louvo qualquer ser Humano que viaja além do Horizonte e escolhe o "Lá" como sua morada pacífica. Porque quem mora lá, viaja entre os dois mundos (o cá e o lá) com toda a liberdade que daí advém. Logo, seremos nós os Bravos, os Insanos, aqueles que somos assim, nós próprios sem medos, represálias, TABUS, torturas e auto comiserações, que iremos sobreviver a qualquer tempestade advinda. Porque ela só ataca um mundo, inevitavelmente o de "cá".
O mais que conseguirias era uma Guerra Interior no mundo de Lá onde, por mero instinto de sobrevivência, nunca acabaria existencialmente. Podes até desfazer tudo em pedacinhos tão invisíveis que aparentemente são difíceis de voltar a conjugar, o riso, o choro, a alegria e a tristeza, tudo e o nada, o eu, os outros (eus) e os outros - Desconstrução Total. Sentas-te naquele molho de coisas que te rodeiam, escolhes as que queres guardar e expulsas os restos; assim te reconstróis sempre. Assim terás todos os dias uma Batalha para que nunca te aborreças. A Mente que se Reconstrói diariamente.

Por opção pessoal, ostento Insanity gravado na alma como manifesto da indiferença.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ilusões e outras Questões

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Hoje os meus olhos ecoam as minhas teclas


numa espiral interminável de centrifugação.


Perfura-me o cérebro numa racionalidade insana,


que muitas vezes temo,


de tão efectiva que é a ilusão.


[Revejo-me num antigo filme de piratas,
onde eles, os seres etéreos,
na eternização da dor,
divagam por entre ondas e praias de mistérios,
sem acharem ou quererem achar,
o derradeiro caminho do qualquer coisa que nem lhe sei o nome.]








Hoje arrefeço mais um pouco...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Senhora Dona

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Cinje-se o peito numa contracção redonda interna das costas
Sente-se o ar que ecoa no intrínseco
como que a avisar... que a hora está a chegar - Tempo!

Indicam-se os sinais do já foi corrido;
cabelos brancos, rugas e outras expressões que se vincam.
Pesa-se em cada uma delas qualquer coisa que a burocracia não distingue.

Sente-se o peso dos passos que rugem nas escadas que se pisa,
pesa-se a mão que limpa um corrimão gasto, cheio de farpas e teias,
mete-se as chaves na porta que late no escuro do vazio interior.

O bater da porta que nunca cessa, dia após dia.


Tudo é preto, castanho e cinza.
Só se disfarça nas poucas peças de cor que ousa adornar o ego e que ressoam a:
"Mas que bonita que a Senhora Dona vai hoje!"

Que singelo elogio...



Sentada na esplanada movimentada de uma Av. de Lisboa, dou por mim a mirar uma Senhora Dona que se passeia com a ajuda da bengala, que não poderia deixar de ser preta, é comparativamente o braço que lhe falta á muitos anos. Preta, como o pesar da sua alma que carrega e lhe curva a costas quase que perfazendo um ângulo de 90 graus. Pesada, cansada, vazia... mas sempre sorridente. Atravessa a enorme passadeira arrastando consigo um saco qualquer em que guarda uma revista. Sempre a mesma revista...

Não lhe disse como estava bonita nesse dia porque achei despropositado, simplesmente lhe dei o meu sorriso, olhos nos olhos, com tudo de "Bom Dia" que tinha para lhe dar. Ela tão simplesmente parou, aproximou-se de mim e disse-me: "Bom Dia menina. Está muito bonita hoje."

E foi, um dos mais belos bons dias que me poderiam ter dado.



Todos os dias ouço a porta bater,
o chão ranger e o corpo a deitar,
despovoado,
molestado
e desesperado.




Só sei que a Senhora Dona existe na sua maior prova de coragem.



E mais uma vez, hoje pelo fim da tarde, ouvi a porta bater.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Notazinhas de rodapé

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Tamanha força me compele a exarcebar pedaços de plástico contra um fundo electrónico.


È compulsão impulsiva de monologar no intuito infernal de explanações egoisticamente criadas., inevitavelmente devaniadas pelas minhas formas de ser, vacuidades repletas de mim em ensaios de nulidades diligenciadas.




Desafeiçoada de qualquer pseudo pretensão comercialóide, eu simplesmente escrevo. Exponho-me atrás de um confortável anonimato que me permite ser sem qualquer fusão de universos paralelos que turbam o pensamento- Eu.


Desprendida de intuitos e metas nobres, simplesmente escrevo com as palavras que sei. Não sei ser bela, graciosa, elegante ou mesmo sedutora. Sou eu, simplesmente eu. Pureza nas teclas que calco.




(Este blogue é para ler de olhos fechados)








E só mesmo para provocar qualquer tipo de reacção contraditóriamente inversa ás minhas pretensões pessoais, aqui vos deixo uma imagem.



Qualquer Coisa

Amar seja em que prato for, é ser-se na sua plenitude qualquer coisa de etéreo. Qualquer coisa que nos faz SER com toda a força, magnitude e potência, seja bom ou mau, certo ou errado, racionalizado ou simplesmente vivido.


Sim, Qualquer coisa! Esgoto-me em palavras que não lhes sei o nome nem a composição, desconheço a escrita de tamanha Imensidão e relembro que um dia mergulhei nesse mar revolto de areias finas e barcos naufragados, com cheiro a doce e a sal, com sabor a Mel e a Fel. Sei que nada sei, sei que nada relembro, nada marco, nada distingo. Nada.




Sei que me Me marco, que me relembro, sei que tudo sei.






domingo, 14 de setembro de 2008

No silêncio da violência

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Hoje sei que estou só nesta viagem solitária pela morte de outros.






Hoje relembro palavras que me rasgam a carne,
Dilaceram a alma feita de ferro.
Hoje sei que palavras enviadas pelo olhar me matam.








Calor que me aquece o corpo pelas veias bombeando o sangue quente relembra-me a hora combinada, faz-me apressar os pequenos passos, vestir qualquer coisa de curto, por um perfume intenso, calçar os sapatos do requinte, pentear o cabelo de qualquer forma só para não parecer desajeitado demais. Preparo tudo, anseio a chegada...

Tocou a campainha e ele entrou. Com aqueles olhos azuis e de cara marcada pelas sardas que concordam com o cabelo e pele clara, que hoje me faz lembrar raças arianas, respiras o meu nome num tom paranóico e alucinado.

[Apenas pensei que fosse só "querer".]

Digo: "Bom Dia, como estás?" e a reposta foi directa e precisa: "Bom Dia!"; logo a seguir a um beijo que me ocupou a mente por mais de meia hora, os braços que me envolveram os traços, as mãos que me tactearam as curvas do meu jovem ser... Ainda te vi os olhos azuis, as sardas, o loiro e o branco da pele como algo suave, discreto e bonito...
O olhar azul mudou de repente, as sardas espalharam-se pela cara cobrindo-a de negro, o azul desvaneceu, o loiro virou vermelho e o branco passou a preto. Mutação absoluta metamorfoseada em pleno calor.

Há quem não goste da palavra NÃO!

Hoje relembro como um Gigantone, de olho azul profundo, pintas castanhas, traço fino, farpas em lugar de cabelo. Abismo em lugar do ser.

Hoje relembro como pequena sobrevivência num qualquer quarto escuro, selado, com cheiro a mofo e a podre, com varejeiras que sugam o sangue e picam os olhos, com as cortinas negras e espessas que se tocam no meio daquela janela sem que nada passe, nada transpire, nada se veja, nem luz inunde; com uma porta forrada a preto, almofadada com o requinte hospitalar de pequenos botões por entre o almofadado e fechada.

Hoje relembro a morte de outros.

Hoje gostava que sentisses este misto de sentimentos que nem ouso sequer relatar ou tentar transparecer. Seria sanguíneo de mais, violento de mais, brutal de mais.


























(para ti ó grandessíssimo Filho da Puta, dirijo a seguinte frase... Um dia, quando te sentires assim, vais perceber a Morte! E Eu? Eu vou estar "Dancing on Your Grave"!)

Monólogos

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Olhar vazio para umas imagens fugazes e desfocadas num quadrado que desprezo, cigarros ardem no cinzeiro já preto, maltratado e abusado.
O Copo que se assombra á minha frente faz insurgir a duvida.



Abana-se o copo e espreita-se a cor, na esperança de reflectir uma outra imagem que não a que espreita, na esperança de derreter o gelo do copo e as pedras da alma, abre-se a boca e deixa-se escorregar aquele liquido doce que tacteia os lábios que ardem e a língua que não se cala.



Decide-se finalmente pensar no assunto.
Os olhos pregam-se em palavras injuriadas a uma cadeira vazia qualquer. Mais uma passa no cigarro, mais um dia a menos... O cérebro teima em fugas aparentes na tentativa do desvanecimento. Decide-se mais uma vez pelo debruço sobre o tema. Os olhos espairam, atravessam e fixam, o corpo fica imóvel, o respirar cessa. E visualiza-se a cena em questão.

Focagem absoluta.
Quase que dá para ouvir os pensamentos.
Quase que dá para morrer naquele momento.


Numa viagem interna, desliga-se o corpo, o contacto com o mundo... Começou a viagem...



Ás tantas corre uma lágrima que embate na borda do copo, o gelo derreteu, o cigarro apagou e o dono anuncia que já fechou. Levanta-se os olhos poisados naquela fusão de álcool e sal,
prepara-se a nota, diz-se Boa Noite e desvanece-se.

E nesse dia especial, porque se reviu e se refez,
decide que acabou a guerra, o amor e o fel.



For now on... im Numb!






sábado, 13 de setembro de 2008

Chagas



Cai a seda no sofá delicadamente sobre o braço,
estende-se em toda a sua tranquilidade sobre o preto da pele.
Por entre a brecha da janela entra uma brisa com cheiro a jasmim,
roça-me o corpo, a acorda-me a alma para o vislumbramento do ser.


Nas minhas pernas jazem as marcas,
os riscos traçados pelas unhas
que num sonho qualquer
me rasgaram a carne
numa tentativa absurda de respirar o branco.

Destilo os meus venenos pelos poros da minha pele.
Abrem-se as chagas e escorre o sangue.

Evado-me em tentativas de sobreviver
ao veneno da poluição do manifesto,
tento não guardar em mim o negro da nulidade,
expulso os restos mortais dos outros,
abre-se a carne, escorre-me o sangue.

Sou no meu corpo, um manifesto vivo,
marcado,
sangrado,
e nem sempre cicatrizado,
das inócuas vivências do ser.




sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Manhã

De cotovelos poisados na ombreira da janela, envolvo a chávena fumegante, com o cigarro pendurado nos dedos e deixo-me acordar.


Visualizo o dia.... clepsidras em contra tempo.


Enquanto gozo os meus 7 minutos de paz matinal, o cigarro queima e o café arrefece... Acabou-se o tempo.


O puto acorda com um sorriso que me faz acalmar o semblante e testar as primeiras palavras da manhã: "Bom Dia Amor!". Ele retribui com um sorriso que só eu sei e estende-me os braços. Não há nada que mais me acalme... Sentir aqueles bracinhos em volta do meu pescoço e um beijinho na minha face!


Começou a corrida. Fazer a papa, vestir, brincadeira e palhaçada pelo meio. Tratar de mim, vestir-me. Por o pinguim no popó da escola. Apanhar o autocarro e... começou mais um momento de mim para mim.


Aprecio os semblantes de quem entra, retrato-lhes o estado e as memórias. Quase quase que os sinto. Olho-os nos olhos por detrás do meus óculos escuros e espreito-lhes a alma e quase que consigo dissertar sobre. Viajo em vidas que desconheço. Relato-lhes a experiência e quando dou pelo cessar dos solavancos, reparo que já chegou o fim do trajecto. Passo á Ponte. Mais uma viagem. Esta por norma introspectiva. Normalmente escrevo nesta viagem, guardo na minha alma a recordação das letras escritas nos vidros do comboio que se apagam com a minha saída.


Vou para o escritório, abro tudo o que é PC's e abro a minha página, esta minha caixa onde guardo os meus eus e os meus restos, e esvazio os meus dedos em toques infindáveis em teclas. Publico alguns, outros guardo só para mim e mostro a mim mesma o quão tímida sou. Sim porque a timidez vai além do visível. Sim, porque eu realmente digo somente 1/4 do que me vai na alma..



Toca o telefone, organizo os mails, vou á porta, páro para conversar... confesso que tem dias que me perco em ramificações intermináveis, delírios intangíveis e em pensamentos utópicos... toca o telefone, mando uns mails, fecho a porta.



Organizo-me, desorganizam-me, reponho-me e escrevo. Deixo aqui pequenas amostras da minha pele, as cicatrizes que me rotulam a alma e me fazem diferente. È como nos frigoríficos pré-cova. Identifico-me pelo que me marca a tez, até porque, se todos nos expuséssemos nus, nus até ao Tutano... seriamos todos iguais. Todos queremos o mesmo... os nossos limites e curvas na estrada é que nos mudam e nos tornam reconhecíveis. Fora isso... todos somos iguais.



E eu, sou igual a tantas outras e outros, posso ter é mais ou menos cicatrizes.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Seekers

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Que caralho andamos aqui a fazer?


A morrer aos poucos?


A Inspirar nicotina, encher as veias de cafeína?


A programar o dia mediante uma qualquer clepsidra que não marca o mesmo tempo que nós?



È o delírio da realidade que me acorrenta as palavras, que me Turba a mente que só ás vezes, muito timidamente confesso, que de todo, sou uma eterna seeker. Porque no fundo, para além do meu abandono e desprezo, jaz uma eterna imensidão num mar de "eus" que não controlo, alguns desconheço, outros desprezo e outros adormeço. Que se revolta na praia, que morre na praia que de todo desconheço, a areia que roço um limiar de um sonho que não sonhei. As ondas que rebentam em pleno mar sem nunca tocarem a margem.




Queria numa madrugada calmaria invadir-te com o meu sal, o meu imenso, e fazer revoltar em ti todos os grãos de areia numa tentativa de fusão eterna.




Que caralho faço aqui?


Aguardo.




(Na verdade? Desespero)




Doces, chocolates e Champagne

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No macio da cama aguardo a antevisão da tua sombra que entra pela porta que eu deixei entreaberta para que entres directamente olvidando o proferir das palavras...







P
R
O
V
A

M
E

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A vermelho

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Soberbamente equilibrada no ponto onde tudo se toca
abro as mãos ao vento
tacteio o teu sussurro trazido pelo ar

Gelo trazido pela nuvem que me invadiu a alma
petrifico
E ao som dos pássaros que me trespassam
solto-me...
No ponto onde tudo se toca
Abandono-me



Para trás ficou um pedaço de mim
largado ao vento
tingido a vermelho.





Música, Letras e Eu

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O toque dos dedos
no doce branco das teclas,
O assombramento das pontas
no preto,
A força que
espanca a pele,
Os ritmos
que te tocam nos dedos...










Assim me sinto,
Tocada,
Curtida,
Espancada.

Atravessa o corpo
delicadamente repousado
esta cor de fogo
esta pálida minha cor.
Roxo nos lábios
Purpura nos cabelos
Verde nos olhos
Negro na alma.














Sou uma paleta de cores
que jaz num filme a preto e branco
balançado ao ritmo do som.




Expressão na nulidade do som
nas evasão das letras
na opacidade da minha alma






Restos

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Não passes á minha porta,
olvido o cheiro,
Não quero vislumbrar a forma,
querer por inteiro.
não passes á minha frente,
não quero sentir os passos,
possuir na minha mente,
gravar os traços.


NÃO!


Não quero de novo, tou farta do de novo,
hoje fendi-me...
amanha serei outro dia,
igual,
idêntica,
diferença?
Estarei mais eu,
cada vez mais eu,
cada vez menos,
muito menos...
Se te cruzares avec moi
Xiuuuu nem fales,
estou só...
estou a apanhar os cacos...


Baptismo

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Como não poderia deixar de ser, hoje relembro o fim de semana no Avante. Metade do dia a trabalhar e a outra metade enfiada no meio de uma multidão imensa.
Sendo eu desprovida de politiquices e cores que se me assemelham o coração, vou de corpo e alma ao Avante, festa que me deixa assim... liberta!
Este ano não foi de todo excepção, mas... este ano foi melhor que os outros. Porquê? Porque levei o meu filho. Foi o baptismo de fogo, da multidão e do som que nos preenche os espaços vazios entre as moléculas. Pois é, aquele som, no palco, seja ele o principal ou não, faz-me vibrar e viajar de todo. Como tal decidi que o meu pinguim já teria idade para essas andanças e foi avec moi para a algazarra.
Pois bem, filho de quem é, nunca poderia esperar outro tipo de reacção dele a não ser, deslumbramento total pelo emaranhado de gente de todas as formas e feitios, credos e crenças, estilos de vida quase a roçar o oposto, mas que ali convivem irmãmente, sem diferenciação ou "olhares de lado! Ele esteve sempre com aqueles olhos LINDOS, enormes, expressivos, bebedores de conhecimento, sempre, mas sempre, atento, curioso a tudo o que lá havia, pessoas e objectos!
Pois bem, no fim da tarde de Domingo, lá decidi que o corpo, o cansaço e a preguiça não me iriam vencer, nem privar o meu pinguim de tais andanças. Lá fomos. Ele parecia um tonto. Olhava para toda a gente e para tudo como que a gravar na memória aquela experiência. Até que se chegou a altura da prova de fogo. O Concerto da noite.

Bigg band do Hot Club!!!!!!!!!!!!!!!

Eu, de T-shirt, Jeans e ténis, ele a condizer. Puto encaixado na minha anca, mala ao ombro, e os olhos cravados no palco. Só vos posso dizer que eu delirei e o meu pinguim alucinou com tamanha imensidão de SOM! Foi absolutamente fabuloso. Eu dancei, ele dançou. Eu pulei ao som daqueles solos, que no mínimo, os descrevo como soberbos. Ele sentiu o impacto do som no corpinho dele e, para grande espanto meu (nem tanto porque ele sempre ouvi jazz, desde a barriga ao dia a dia lá de casa), o meu filho balançava no meu encaixe, davas aos braços e ficava pasmado ao ver como é que aqueles senhores faziam tamanha beleza!

Foi com muito orgulho que baptizei o meu filhote lindo no mundo dos concertos. E a resposta dele não poderia ter sido melhor! Delirou!

Bem, a seguir aos Hot Club, apresentaram-se os Xutos como não poderia deixar de ser. E para meu delírio total... os Xutos tocaram com o Hot Club! Bem, seu já gostava de Xutos, no Domingo delirei! A mistura do poder de Xutos envolvidos pela sonoridade dos instrumentos jazisticos e o poder do jazz..... o feeling absoluto!
Cantei, pulei, balancei, bati palmas, e acima de tudo... o efeito do som em mim, arrepiei-me todinha ao ouvir aquela magia. O meu filho? LOL Foi o show privado só para mim. Ele cantava os refrões, pulava no meu colo, tocava bateria inclusivamente! dava aos braços e, o espectáculo da noite.... Dava á cabeça ao ritmo do som!!!!!!!

Foi um Domingo extenuante, trabalho e festa do Avante. Nem sei como escrevo hoje...! Enfim. Mas posso-vos garantir que, só por ver o meu filho a amar a musica, valeu por tudo!
Com Muito muito muito orgulho, vi o pinguim a sentir a musica, de dentro para fora. È mesmo filho da mãezinha dele :P