quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A fairy Tail



.


.


.


.


.


.


Fecho os olhos, a surdina do vento endoidece-me. Lambem-me as orelhas, as baboseiras. Sinto o vento, quente e seco, as bochechas queimadas no rosto. Seca-me os lábios e enlaça-me o cabelo. Lembra-me as mãos vazias de pequenos tudos...

Cola-se fazendo desenhos estranhos, a areia fina, quente e pontiaguda, às linhas que tenho ainda mornas na pele. Fazem desenhos descendentes de rios secos.

(Pois… os mortos…)

Olho para trás, pelo canto do ombro. Montes, pilhas e covas. Confunde-se com o ondulado daqueles gigantes de areia, castanha, vermelha e preta. Desenham quase cornucópias. A areia que os tapa, aos poucos e poucos, enquanto vislumbro as roupas encardidas de nojo meu a desaparecerem, no fosso que será a memória.

Nada.
Não sinto nada.
Nem vazio. Nem molhado.
Só a areia a furar-me a pele pelas garras da raiva do vento.

Abro os olhos e gravo O Silêncio.


.


.


.


.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Corro, corro e não fujo





.


.


O que me alimenta,
me move,
o que me instiga ao caos?

A Ira.


Não, não sou dada a movimentos ténues,
não, não sou dada a danças doces e delicadas.
nem tão pouco sou suave…


Hoje, quem me conhece?
Ninguém…
…só a Raiva se lembra.
.
.
.
.
.
.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Get it ON




Não resisti...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Invisual

.
.
Amarelas,
as insónias vespertinas
mudas e opacas
cravos doentes da memória
do verde,
dos meus olhos
da cor,
da minha negra transparência
que uso,
quando o vermelho deixou de ser vivo.
.
(segura-me o braço
antes de eu saber…
que já parti…)
.
…lilás esguio da farsa que trago na alma.




[ReVoltei porque não sei não escrever...]

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Até já

.
.
"Sabemos que o tempo passou
Que alguma coisa deveria ter sido dita
(talvez depois, talvez mais tarde)
Deixamos atrás de nós
Uma sequência desconexa de gestos irreparáveis
E, feridos,
Por todas as coisas
que poderíamos ter evitado a nós próprios
Caminhamos para o silêncio
E para a escuridão indefinível dos bosques."
.
.
Luís Falcão - Pétalas Negras ardem nos teus olhos
.
.
.
.
.
De minha parte vos deixo também um aceno, suave e delicado, de até ao meu regresso...brevemente.
.
.
.
.
.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Esqueci-me de mim

.

.

.

(O café que já não aquece, o copo meio vazio.)


Choro as cinzas de uma chama que não ardeu,
que andam nos pés no passo que não é o meu,
e as palavras que ninguém prometeu
nas formas do corpo que já não é seu.


Amo.
Amo alguém
no entanto não há quem…
quem conheça a alma…
além…


(Choram-me os olhos, molham-me os lábios.)


Amo.
Amo alguém.
alguém que não nasceu,
não voou,
não passou…
amo o silêncio da inexistência.


(Sabe-me a sal o que me dança na língua)


São,
as palavras que nunca te soprei.
Estas,
as que escorrem no vidro do tempo,
estas,
que sei que não conheço,
o sabor a doce do momento.


Amo.
No café que bebo,
entre as mãos
o quente…
fingido este quente,
de um corpo ausente
de uma alma dormente.


Um bem querer
que não sei saber
na dor da alma de não ter.


(As palavras que me matam e me morrem nos lábios.)

.
.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

00:15

Tenho

Tenho-te

Seguro

Seguro-te

Inspiro

Inspiro-te

Tenho-te seguro na inspiração.

Marcam as rugas na pele de um semblante. Histórias de uma puta rameira que me explora e que me larga, gelada, coberta de roupas velhas e pés quentes. Eu e os meus livros que não leio. Vivo. Na ponta dos dedos que cruzam as linhas em busca da palavra que não ouço. Passo o tempo, inócuo à minha existência como quem observa a relva a crescer. Espero impacientemente como se fosse uma velha, o dia, o minuto e o segundo em que tudo se desvaneça num pestanejar incompleto, perpétuo.

Nas roupas velhas que não usei, espero que um dia me venhas comer o que me come por dentro.

Guardo a cereja numa caixa e espero que o céu um dia desça à terra e a coma, nas palavras sem vento, de uma noite de estrelas e de chuva.

Sentar-me-ei, com estas roupas velhas a viver as vidas de papel, até que os olhos me doam em frente a uma cereja guardada no quente do peito.
.
.
.

Tenho-me
.
Seguro-me
.
Inspiro-me
.
.
.