quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Feuda quê?


Ao ler o jornal do dia de hoje, assombrou-se-me uma dúvida, quiçá, pertinente.



Em que ano estamos, mesmo?”



Perguntarão vocês se bati com a cabeça durante a noite, ou se adormeci no caminho e acordei desnorteada… pois eu informo que nada disso se sucedeu. Simplesmente me pareceu estarmos regressados à época do Feudalismo e do sistema económico precário (ou nem tanto…) vigente na altura.

Numa era em que a moeda vale muito menos que o seu valor financeiro, teoricamente atribuído pelos pseudo senhores das marionetas, insurgiu-me a ideia de que está de novo na moda pagar “lebre por gato”, ou seja, em géneros.
Eu explico. Vamos às compras, seja lá o valor que for, e constatamos que numa das nossas duas carteiras, não temos moedas suficientes para pagar o que pretendemos adquirir; e como somos muito pouco materialistas e ainda menos orgulhosos, decidimos sensatamente pagar com o corpo, mas denote-se que é com o corpo dos outros, e não com o nosso, obviamente (ouvi dizer que a prostituição era ilegal…). Isto porque a nossa outra carteira está… digamos que, ora suja, ora muitíssimo bem arrumada.
Vendemos o corpo dos outros! Permitimos a abertura anal e enfiamos-lhe uma conjectura económica e financeira, a seco. Como? É muito simples! Vendemos as acções (a carteira, a alma e o corpo) da empresa, que é constituída por um certo número de pessoas que efectivamente trabalham, e desculpamo-nos com o pequeno e insignificante detail social e económico que é a desvalorização da moeda e as suas consequências.
Ou seja, pomos o corpo dos outros no “prego”.

- Vamos às compras?
- Vamos! Mas… e dinheiro?
- Não te preocupes amiguinho, eu vendo o teu corpo caso não me dê muito jeito pagar a pronto.
- Ah! Sendo assim parece-me bem. Mas esclarece-me uma dúvida se faz favor… Estamos em que ano, mesmo?

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Apetecia-me algo...

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Apetecia-me chamar Machiavelli de menino...
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domingo, 22 de fevereiro de 2009

Na mesa dos lobos

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Se todos fossemos arrogantes ao nos bastarmos com as leituras diagonais, éramos todos surdos, mudos e cegos.

Poupem-me à pertinácia da supremacia da arrogância levemente molhada pelo orvalho do orgulho e misturada com a inveja pelas leves pepitas de ignorância.

Bolachinhas? Não obrigada.

Bebo um chá quente de menta numa fria caneca aquecida e sorriu discretamente no ruído da tua gargalhada. Argumento a minha servidão à fome e à sede do que devoro e dispenso-te até a explanação do porquê. Como dizia a minha avó: ”Pérolas a porcos”. Achar-me-ás agora arrogante? Pois então de que me vale a dissertação de um sapo, se o que queres ver é o meu suor e não a perspectiva?

O meu silêncio é como quase tudo em mim, um símbolo da minha dualista essência.
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(e bebo mais um gole deste chá…)

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Shall We?

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Should I smile..?

(Never point a gun unless you are willing to shoot it)

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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Bom fim de semana

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Apeteces-me... aqui ... no esquerdo...
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(bom fim de semana)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Merge




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Acordo desperta de um sono azul opaco
desenrolo as pestanas e beija-me o sol
dourado transparente
descoso os lábios lisos e passo a língua
rubra e molhada
ginastico a face num sorriso
lilás vaporoso
estendo os ossos e ponho a mão
cálida
rebolo e corpo e toco
suave
preparo a voz e gesticulo
rouca, quase afónica
bom dia meu querido

Sinto a compulsão do magnetismo que me puxa para o teu corpo
encaixo-me em ti e conjugo o verbo
enrolo os olhos, tranco a voz
prendo o ar tatuando-te
solto-me e adormeço.
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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Coração, Corpo e Alma

De facto é muito difícil de aprender. Eu cá acho que é por causa da estúpida da esperança, a crença eternizada no meu ADN da vaga possibilidade, de um dia acontecer para quase todo o sempre.

Por um lado, ainda bem que me é difícil de aprender porque se o fizesse... estaria petrificada, fechada, isolada e gelada.
Se bem que já começo a aprender muitas coisas e verifico que fica cada vez mais difícil abrir a porta. Fica difícil, sobretudo deixar entrar... fica tudo no Hall do "prédio".

E é verdade, o nosso pior inimigo, somos nós mesmos. Inflexíveis e cruéis...

E como diz um amigo meu, é como andar de "cutelo" na mão, sempre pronta a cortar o "mal" pela raiz à mínima sombra de dúvida.

Penso que é o arrebatador que não existe, a procura de coisas irreais, fantasias de sonhos cor-de-rosa no negrume do nosso mundo. Depois por contraste vem o medo. O medo de acreditar, de sentir, de ferver, para logo a seguir morrer de novo. Aqui entra a desilusão das palavras; a provação da realidade amarga que cepa a raiz da esperança... e voltamos de novo ao mesmo...

Lambemos as feridas no claustro do nosso castelo no ar. Fechamos a porta, deitamos fora a chave. Choramos, penamos, gritamos e um dia levantamos a cabeça a pensar que a ferida já fechou. Mais uma cicatriz em cima de outra cicatriz.
Isto faz-me lembrar as cesarianas... Partos paridos precoces. Acho que é isso mesmo. Partos sofridos que acabam em cesarianas. Filhos atrás uns dos outros. Nados mortos. Mas mesmo assim tentamos de novo. Lavamos o corpo, rebaptizamos a alma e saramos o coração. E lá vamos nós de novo à entrega do coração, do corpo e da alma...

Partos paridos sem recobro.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

achei-me perdida

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Ouve um dia que me achei
forte e carregada
desliguei-me da corrente
fechei-me no claustro do meu corpo
e…
fustiguei-me
sangrei-me
devorei-me
jurei-me
menti-me
maltratei-me
… comi-me
odiei-me
amei-me
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… não aprendi
nem a regra...
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Ouve um dia em que me achei sensível
aprendi
a libertinagem
a selvagem
a fome e a sede
a viagem
do não ser, sendo nós.

Ouve um dia que me achei
somente a mim
e desaprendi
nas fendas da minha alma
a memória do esquecimento
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Voltas amanhã

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Chegaste e ias abrir a boca quando o meu dedo te tocou os lábios suavemente. Pedi-te o silêncio da justificação esperando que me calasses a sede. Os meus olhos directos nos teus. A minha mão no teu peito e as tuas costas na parede enquanto o meu joelho encontrava a tua mão.
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Dei três passos para trás e confundi-me com a penumbra da noite.
Ali fiquei, quieta e muda. Estática. Petrificada.
Palavras? Para quê? Leste nos meus olhos a minha alma.
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Deste três passos para trás e diluíste-te na sombra da rua.
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O silêncio dispensou as palavras que os olhos brilharam da saudade que já é, assim que viras as costas.
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Volta amanhã. Pode ser que eu compreenda porquê, amanhã.
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