Ao ler o jornal do dia de hoje, assombrou-se-me uma dúvida, quiçá, pertinente.
“Em que ano estamos, mesmo?”
Perguntarão vocês se bati com a cabeça durante a noite, ou se adormeci no caminho e acordei desnorteada… pois eu informo que nada disso se sucedeu. Simplesmente me pareceu estarmos regressados à época do Feudalismo e do sistema económico precário (ou nem tanto…) vigente na altura.
Numa era em que a moeda vale muito menos que o seu valor financeiro, teoricamente atribuído pelos pseudo senhores das marionetas, insurgiu-me a ideia de que está de novo na moda pagar “lebre por gato”, ou seja, em géneros.
Eu explico. Vamos às compras, seja lá o valor que for, e constatamos que numa das nossas duas carteiras, não temos moedas suficientes para pagar o que pretendemos adquirir; e como somos muito pouco materialistas e ainda menos orgulhosos, decidimos sensatamente pagar com o corpo, mas denote-se que é com o corpo dos outros, e não com o nosso, obviamente (ouvi dizer que a prostituição era ilegal…). Isto porque a nossa outra carteira está… digamos que, ora suja, ora muitíssimo bem arrumada.
Vendemos o corpo dos outros! Permitimos a abertura anal e enfiamos-lhe uma conjectura económica e financeira, a seco. Como? É muito simples! Vendemos as acções (a carteira, a alma e o corpo) da empresa, que é constituída por um certo número de pessoas que efectivamente trabalham, e desculpamo-nos com o pequeno e insignificante detail social e económico que é a desvalorização da moeda e as suas consequências.
Ou seja, pomos o corpo dos outros no “prego”.
- Vamos às compras?
- Vamos! Mas… e dinheiro?
- Não te preocupes amiguinho, eu vendo o teu corpo caso não me dê muito jeito pagar a pronto.
- Ah! Sendo assim parece-me bem. Mas esclarece-me uma dúvida se faz favor… Estamos em que ano, mesmo?
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