terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Coração, Corpo e Alma

De facto é muito difícil de aprender. Eu cá acho que é por causa da estúpida da esperança, a crença eternizada no meu ADN da vaga possibilidade, de um dia acontecer para quase todo o sempre.

Por um lado, ainda bem que me é difícil de aprender porque se o fizesse... estaria petrificada, fechada, isolada e gelada.
Se bem que já começo a aprender muitas coisas e verifico que fica cada vez mais difícil abrir a porta. Fica difícil, sobretudo deixar entrar... fica tudo no Hall do "prédio".

E é verdade, o nosso pior inimigo, somos nós mesmos. Inflexíveis e cruéis...

E como diz um amigo meu, é como andar de "cutelo" na mão, sempre pronta a cortar o "mal" pela raiz à mínima sombra de dúvida.

Penso que é o arrebatador que não existe, a procura de coisas irreais, fantasias de sonhos cor-de-rosa no negrume do nosso mundo. Depois por contraste vem o medo. O medo de acreditar, de sentir, de ferver, para logo a seguir morrer de novo. Aqui entra a desilusão das palavras; a provação da realidade amarga que cepa a raiz da esperança... e voltamos de novo ao mesmo...

Lambemos as feridas no claustro do nosso castelo no ar. Fechamos a porta, deitamos fora a chave. Choramos, penamos, gritamos e um dia levantamos a cabeça a pensar que a ferida já fechou. Mais uma cicatriz em cima de outra cicatriz.
Isto faz-me lembrar as cesarianas... Partos paridos precoces. Acho que é isso mesmo. Partos sofridos que acabam em cesarianas. Filhos atrás uns dos outros. Nados mortos. Mas mesmo assim tentamos de novo. Lavamos o corpo, rebaptizamos a alma e saramos o coração. E lá vamos nós de novo à entrega do coração, do corpo e da alma...

Partos paridos sem recobro.

4 comentários:

Gothicum disse...

É devido a textos como este que passo por aqui sempre que há novidades…Realmente temos uma vida sem recobros e sem anestesias…e como eu percebo de recobros… Abraços

Unknown disse...

"o nosso pior inimigo, somos nós mesmos"

não sei se será bem assim! o que sei... é que depois de alguém nos ter levado "carinhosamente" para o fundo de um poço e enquanto tentamos trepar pelas paredes frias e húmidas desse poço... nos tornamos adversários, inimigos talvez, do sucesso de o trepar...

beijo terno

Pearl disse...

Mulher estava eu neste texto...cair, levantar a sangrar e continuar e como já disse sem aprender, não que não queiramos mas porque não conseguimos.
Porque somos sangue que ferve, carne que sente, olhos que ferem...e sinceramente em certos dias dá-me prazer em ser tão preversa comigo... não consigo evitar, e consigo até lamber as minhas feridas e saborear a derrota crescente.

Nisto que te li encontrei muito do que é ser Mulher, minha querida não sei se tive os recobros ou se vivo em recobro constante...

Beijo enorme para ti e mais uma vez parabéns por partilhares um pouco do teu mundo conosco;)

Freyja disse...

Caro Bruno,

È exactamente isso. Somos o nosso próprio inimigo. E se não há dinheiro para trocos assaltamos o banco para comprarmos mais um bilhete, mais uma volta e um regresso, uma viagem.

Um Beijo,





Querida Pearl,

Este post era um comentário ao vosso comentário (teu e do Gothicum) referente ao post anterior.

Foi exactamente isto que achei.

Andamos em recobro constante e o sangue que ferve e a luta, e a garra e a coragem, cravam-nos os pés na passadeira rolante do tempo fazendo com que nós sejamos obrigadas a avançar.

Não aprendemos porque não conseguimos. Isto é uma verdade carregada de ambiguídade, ora bom, ora mal... venha o Diabo e escolha! (sim Diabo! Gosto mais dele do que de Deus)

Que seja o que EU quiser!

Um Beijo grande de pérola ao peito :)