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Chegaste e ias abrir a boca quando o meu dedo te tocou os lábios suavemente. Pedi-te o silêncio da justificação esperando que me calasses a sede. Os meus olhos directos nos teus. A minha mão no teu peito e as tuas costas na parede enquanto o meu joelho encontrava a tua mão.
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Dei três passos para trás e confundi-me com a penumbra da noite.
Ali fiquei, quieta e muda. Estática. Petrificada.
Palavras? Para quê? Leste nos meus olhos a minha alma.
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Deste três passos para trás e diluíste-te na sombra da rua.
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O silêncio dispensou as palavras que os olhos brilharam da saudade que já é, assim que viras as costas.
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Volta amanhã. Pode ser que eu compreenda porquê, amanhã.
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6 comentários:
"Divide as dificuldades que tenhas de examinar em tantas partes quantas for possível, para uma melhor solução."
(René Descartes)
...essa vontade de retornar aos silêncios do ontem, às sensações que ficaram penduradas no nosso inconsciente conscientemente, às dúvidas que não são dúvidas ou às certezas que tentamos transformar em incógnitas, fazem parte desse elixir que se chama querer... mesmo às vezes não querendo (eu às vezes luto tanto para querer não querendo...). Abraços.
Caro Gothicum,
Essa fórmula de Descartes é por mim usada, desde que me lembro de ser gente. Claro que tem alguns acrescentes pessoais, mas isso é segredo e é a alma do negócio! ;)
Após um breve raciocínio, que não vou aqui desenlear porque iria demorar muito tempo a escrever, cheguei a uma conclusão do seu, e do meu texto.
È o fim da linha? Serão os últimos cartuchos, ou será que estamos só no meio da história e parece que estamos no fim? Será que ainda se aguenta mais tempo disto sem haver "recompensa"?
(E aqui que ninguém nos lê, eu confesso que estava no fim da linha.)
Um beijo,
Freyja sabe, o fim da linha é muito complicado, pois quando estamos mesmo à beirinha do fim mais próximos (muitas vezes) estamos do início…mais uma hipótese, tentar mais uma vez, ou outras palavras que lhe quiser chamar… O grande problema é quando se está mesmo no fim e, pensando eu que será melhor assim, esse fim torna-se um Inferno dentro do Infernos. (da minha parte terei de fazer, como dizem as pessoas da comunidade onde trabalho - etnia cigana – “quando alguém morre o nome desaparece com o defunto).
Ah! Quanto ao ler o seu blog (já que ninguém nos ouve) existe, de certeza, imensa gente a perder-se por aqui. Abraços (admiro muito as suas respostas, como digo às minhas crianças “vós tendes sempre a resposta na ponta da língua”, a Freya tem sempre a resposta na ponta do viver)
"O silêncio dispensou as palavras que os olhos brilharam da saudade que já é, assim que viras as costas."
Só que sente assim pode lhe dar o valor real ao vazio que fica!!
beijinho para ti!
Caro Gothicum,
È... o fim do fim, do fim da linha... e coragem para chegar à beirinha? E coragem para ir voluntariamente para lá, o tal inferno?
O que me vale é algum "calo" que me faz entender que esse mergulho é em apneia, que quando de facto já não aguento mais, regresso à tona e retomo à praia que me aporta.
Tudo é passageiro. Até nós. Até o fim, que tem sempre um fim. Nada perdura até ao eterno, feliz e infelizmente... por isso, até o mais terrível dos terríveis horrores, um dia termina... é preciso é sobreviver ao que parece eterno, sendo passageiro.
E por falar em etnias ciganas... foi uma das coisas que mais gostei de fazer, foi trabalhar com as crianças deles. Fiquei a gostar bastante de certos details da cultura deles. São portadores de uma sabedoria muito especial e muito coerente, em certos aspectos claro! :)
Obrigada! :)
Um Beijo,
Querida Pearl,
È isso mesmo...
Haja coragem minha querida!
Um Beijo grande grande :)
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