quarta-feira, 28 de outubro de 2009

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Ás vezes dou por mim num imperceptível monocórdico balbuciar que se resume a uma simples indagação.
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Olho-te e pergunto-te de que valerá tantos empreendimentos, mundos e fundos, se nada disso valerá pois a minha vontade, ou a ilusão desta, parece e sente-se incorruptível…pois o que sinto é inabalavelmente existente.
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Deito-me à beirinha do teu riacho e molho os dedos descontraidamente enquanto persigo com o olhar a confluência das correntes. A água revela-se veludo na minha tez desnuda e entro devagar naquela corrente que não me move mas que me transporta suave e delicadamente até à próxima margem.
Despida de realidades concretas visto o teu farto manto de flores e sento-me a ouvir-te cantar.
Relaxo de tal forma que quase me deixo embalar no tempo dos mundos…
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Leva-me, leva-me nesse berço e deixa-me somente ficar a sonhar.
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Olho-te e suspiro profundamente, com a vontade estampada na alma, esta tentação de aqui ficar.

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Até já...
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domingo, 25 de outubro de 2009

Wisper

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Apetecia-me dormir neste eterno e acordar num amanhã imperceptível.
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Por agora recosto-me na cadeira, de manta pelas pernas, na contemplação de um sonho diante dos meus olhos. Na minha mão tenho um modesto arranjo floral e nos olhos, as estrelas do céu.
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Espero, pacientemente, neste limbo vaporoso.
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A nomenclatura será sempre insuficiente.
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Se te disser que te amo, será sempre um singelo e mero minimalismo.
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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Conversas da "Treta"

Conversas de muito pouca treta, mantidas num blogue do caríssimo Jorge Pessoa e Silva, cujo endereço passo a publicitar - http://riologoexisto.blogspot.com e a quem agradeço encarecidamente toda a estimulante conversa mantida ao longo de vários meses, mais ou menos continuados.
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Quem me conhece verdadeiramente demarca-me uma determinada ingenuidade inerente relativamente às pessoas, ou se quiseres, às supostas almas das mesmas.
Porém, apesar de reconhecer a minha ingenuidade, que lhe chamo de esperança, não consigo por mais que me esforce, crer em qualquer que seja o sistema político que nomeies, quer do passado, quer do presente.
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Tenho provado, de mim para mim, que tudo o que esteja relacionado com o PODER é naturalmente corrupto. Seja ele social, económico, político ou filosófico.
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O ser humano, no seu actual estado é perfeitamente incapaz de lidar com tamanha responsabilidade de forma altruísta devido a inúmeros e quase incontáveis factores. A começar pelo mais antigo deles todos, que mais não é do que a nossa existência, e a terminar num mais recente, que é o nosso meio envolvente.
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Se bem que te possa parecer uma fundação utópica e ilusória, este estado comatoso e amorfo da visão que mantenho do mundo permite-me desacreditar qualquer sistema que envolva PODER e ainda assim sustentar um castelo no ar feito de nuvens e esperança.
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Tenho construído ao longo da minha curtíssima vida vários estados, cidades e planetas e em todos eles a palavra PODER não existe como se pretende nestes andamentos actuais.
Trata-se portanto de uma situação provisória, a do PODER, e perfeitamente dispensável sendo o mesmo encarado como uma espécie de fardo e não como uma honra tipo taça de futebol.
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Logo, qualquer que seja a personalidade que se enrede no labirinto político é por mim literalmente riscado do mapa da esperança. Ainda que haja uma grande boa vontade, um sentimento perfeitamente altruísta do ser, este mesmo teria que nascer de novo para se edificar de novo afim de atingir o seu atmosférico propósito.
Ora sendo que estamos a milhentos anos-luz disso acontecer, permaneço na minha ingenuidade relativamente às pessoas e perfeitamente amorfa quanto ao mundo em si.
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Talvez para se entender melhor, possa fazer uma analogia a um microscópio / telescópio.
Se nos fosse permitido a visão ao microscópio de uma determinada pessoa no seu singular, poderíamos manter a esperança numa mudança, ainda que muito longínqua. Numa perspectiva mais abrangente, descentralizando o ser humano, dificilmente consigo manter qualquer réstia de esperança face seja ao que for.
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Há que educar as crianças, meu caro, as crianças são a nossa perpetuação, a nossa eternidade e o nosso pensamento ecoado para todo o sempre.
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E para quem pense que trazer crianças ao mundo para sofrerem é uma crueldade, tenho-lhes a dizer que as crianças são o nosso futuro – Eis mais um “lugar comum”!
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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mudam os tempos (mas só isso mesmo)

Os tempos mudam e os paradigmas também.
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Antes, antes do tempo da TV a preto e branco, onde só uns afortunados podiam ver uns minutos na "caixa mágica" as coisas eram ao contrário.
A mulher era castigada, punida, descriminada, subjugada e todos os mais pseudo–atributos que se lembrem. Agora, com a mania do feminismo, está-se a virar o feitiço contra o feiticeiro.
Elas já podem e, são-no visivelmente mais pseudo-devassas que eles.
Devassas porquê?
Não que sejam devassas de facto, mas porque agora perderam a vergonha na cara e fazem como eles faziam e ainda fazem - à descarada!
Agora eles são os coitadinhos que sofrem mortalidades e natalidades, tanto que já os tentaram fazer parir. Sofrem no emprego porque têm uma colega levada da breca, sofrem, até porque elas querem que eles andem mais bonitinhos (e a cheirar menos mal, por favor); isto só porque elas deixaram de ter vergonha na cara...
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Daqui a umas 5 gerações, serão eles o sexo pseudo-fraco, lavarão os pratos do jantar, porão os miúdos na cama e elas, elas estarão no monopólio da televisão, da revista cor-de-rosa (que será interactiva) e acima de tudo, irão aos "putos" quando eles disserem a mítica frase: "Querida, estou com dor de cabeça..."
Eles serão mal pagos e sobrestimados, elas serão as "chefas".
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E isto tudo porque um senhor de nome Miguel Esteves Cardoso se lembrou de referir que nós, as mulheres, somos humanas...
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Ora francamente, somos tão humanas e devassas quanto eles. A diferença é que perdemos a vergonha na cara, como eles.
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Afinal os tempos mudam, mas as vontades continuam as mesmas.
A grande dúvida permanece, só muda a perspectiva da coisa.

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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Abre-me a Hipocrisia e mete-lhe queijo, sff

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Barack Obama eleito Prémio Nobel da Paz 2009.
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Há qualquer coisa de errada no mundo e eu ainda não sei precisamente o que é.
Suponho que seja eu...
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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Once upon a time

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A cadeira gelada arrepiou-a e fechou o casaco à procura do abraço de alguém.
Nem sequer estava frio e os casacos serviam apenas para matar saudades do vento.
Até o tempo mudou. Mudou e parou por uns segundos.
Dizem que quando morremos nos passa uma curta-metragem pelos olhos, pois se assim é, ela morreu ali, depois de morta.
A mesa redonda de uma madeira gasta de tanta água serviu de apoio aos cotovelos. Não largou o casaco cruzado em frente ao peito e nem os cabelos a voar ao vento a fizeram mexer as mãos, as tais à procura dos braços.
O frenesim dos carros e dos taxistas apressados, os saltos das senhoras desequilibradas em cima de agulhas, as pastas deles em consonância com os passos e os miúdos. Os miúdos arrastados pelas mãos seguravam um balão cheio de sonhos feitos de imaginação. Algures no meio daquela multidão apressada e desajeitada, por entre pequenos espaços de passos apressados surgiu uma, diferente das outras.

Ela tinha 14, ele tinha 18. Ela demasiado nova e fresca, ele demasiado pesado e fosco.
Não se tocaram, não sorriram, não se mexeram. Como se não existissem.
A vida cedeu ao tempo e ela ao sorrir com os olhos a brilhar, deu-lhe um abraço sereno.
Quem visse aquele olhar…dizem que mudava vidas inteiras, aqueles olhos.
Ele? Ele sentou-se no chão quando ela lhe disse adeus.

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