sábado, 13 de setembro de 2008

Chagas



Cai a seda no sofá delicadamente sobre o braço,
estende-se em toda a sua tranquilidade sobre o preto da pele.
Por entre a brecha da janela entra uma brisa com cheiro a jasmim,
roça-me o corpo, a acorda-me a alma para o vislumbramento do ser.


Nas minhas pernas jazem as marcas,
os riscos traçados pelas unhas
que num sonho qualquer
me rasgaram a carne
numa tentativa absurda de respirar o branco.

Destilo os meus venenos pelos poros da minha pele.
Abrem-se as chagas e escorre o sangue.

Evado-me em tentativas de sobreviver
ao veneno da poluição do manifesto,
tento não guardar em mim o negro da nulidade,
expulso os restos mortais dos outros,
abre-se a carne, escorre-me o sangue.

Sou no meu corpo, um manifesto vivo,
marcado,
sangrado,
e nem sempre cicatrizado,
das inócuas vivências do ser.




4 comentários:

Misantrofiado disse...

Alguém me confidencializou termos uma escrita muito próxima.

Hum...






Acabei de o sentir!

Freyja disse...

Caro Corvo,


Isso para mim é um elogio. Obrigada!


Melhores Cumprimentos,

Pearl disse...

"Sou no meu corpo, um manifesto "vivo,
marcado,
sangrado,
e nem sempre cicatrizado,
das inócuas vivências do ser"

Por vezes dizem-me cicatrizes todos temos, eu digo-te que cicatrizes todos somos!

Beijo

Freyja disse...

Caríssima Pearl,

No fundo somos quase que a essencia da consequencia.

Obrigada!

Beijo