quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Desmaterializações

Morte

Movimento da alma
Osculação do anjo
Retomar o caminho
Transformação espiritual
Entrega absoluta.


Foi assim que te achei,
Inacreditavelmente quieta,
Morrida.

Constrangedoramente calada...

Despojada do teu ser corpóreo
encontrei-te dentro de uma caixa,
que sítio estranhamente pequeno para ti!

Vi-te com os olhos, vi-te novamente nunca acreditando no que eles me diziam,
Senti-te tão presente!

Apenas te achei dentro de uma caixa,
rodeada de flores,
muitas flores.

Olhei-te de novo só para verificar que não te tinhas mexido.
Aproximei-me porque até pensei que te vi respirar.
Cheguei-me mais um bocadinho porque iria jurar que os teus lábio mexeram.

Fiquei ali, quieta, abandonada de mim e de todos,
incompreensivelmente estática,
esperando,
aguardando ver-te mexer...
Em vão...!

Interiorizando o que via,
sobrepondo ao que sentia até,
Sentei-me naquele muro das lamentações.
Incrédula!

Que coisa estranha esta situação, olho para o lado porque parecia-me a tua voz, quase quase até o hálito! Mas não... não te vi, só te senti.

Sentei-me junto a ti, ali, naquele muro de lamentações feito de cadeiras azuis... Blue... Muito apropriado de facto! Comecei a reviver e até a imaginar o que dirias se ali estivesses em matéria.
- Epá! Mas tudo chora porquê??? Mas será que alguém morreu? Será que nunca mais vamos ver aquela coisa ali dentro daquela caixa?
Respondo - é.... nunca mais a vamos ver, por isso é que estamos todos aqui, a ver pela ultima vez neste formato!
- Então e porque é que estão aqui estas pessoas todas? Maioria nem se lembrava que eu existia! Vejo cores, odores e alguns adjectivos porcos! Disputas, ex putas e putas. Isto revolta-me, é nojento! E além do mais... porque é que estes adjectivos todos estão de preto??
Respondo - Porque os adjectivos são isso mesmo, considerações mutáveis ou não, sobre algo, que neste caso, não sabiam nada do algo! Por isso vieram de preto, muito contra a tua Vontade. E amiga, perdoa-me mas não consigo não chorar...
- Mas eu vou, mas volto. Nunca irei de todo e para todo o sempre. Tu vês-me e ouves-me dentro de ti. Logo não estou ausente, só não estou é presente.
Respondo - Amiga, sabes como é difícil não chorar quando uma Fénix parte. Principalmente quando a Fénix não foi em direcção ao Sol e sim ao Centro da Terra! Tu conseguis-te renascer várias vezes mas sempre foste chamada ao Centro da Terra e não ao Sol. Teria muito orgulho em Ver-te partir no Sol!
- Não chores. Não tenhas pena. Eu só parei de voar por hora. Para a próxima venho mais cedo. Para a próxima talvez nos encontremos. Mas para que saibas... há laços que não se perdem. Coisas que não se apagam nunca. Eu chamar-lhes-ia memoria genética. È rebuscado eu sei... Pode ser que um dia compreendas.

E foi assim que me secaram as lágrimas, que se me apertou o coração, que quase caiu do ramo de tão apertado que estava, mas foi assim que consegui sair dali, daquele buraco escuro que nada tinha a ver com ela.


Adeus minha cara e estimada amiga. Até ao nosso Reencontro!





Nota: Este texto é dedicado á minha amiga Xana. Com muito orgulho, respeito, e profundas saudades.

Sem comentários: