domingo, 12 de outubro de 2008

Escriba


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Suponho que o acto de escrever seja um acto sexual.

Tal como o desejo voluptuoso, o anseio da escrita é vincado pela potência da descarga almejada, que por um motivo qualquer, não se consegue, ou não se quer, ejacular para outras plataformas.

Será preciso um turbilhão de pensamentos e sentimentos para que se erga o sexo e/ou se deitem os dedos sobre o papel virtual que por entre os espaços das letras se acaricia o toque intenso da intima indução do ser.

Nos desenhos que aqui construo entrego-me de corpo e alma ao delicadamente violento escrever de mim. Tal como no sexo, escrevo o que sou e sou o que escrevo, de peito aberto expondo a minha vulnerabilidade aos olhos de quem me sente, estabelecendo á priori o bem-querer e a boa fé.

Somente assim, me dou e me escrevo, crendo que quem me lê e me recebe, me aceita assim, nua.
O que mais poderia eu esperar se não a mesma entrega?!
Não, não sou ingénua nesta consideração.



Não sei não ser o que escrevo e o que escrevo desconhece o não reflectir do eu.




[Não sei se repararam, mas coloquei à entrada um cabide para que se possam despir]

7 comentários:

Pearl disse...

Sabes, tambem eu quando escrevo "dispo-me"... ontem retirei metade do meu texto por ser demasiado revelador! Mas escrever sem motor, sem paixão não consigo aliás não existo eu de outra forma!

Se te posso pedir alguma coisa continua a deixar-te despir nas palavras!

beijo grande

Freyja disse...

Cara Pearl,

Your request is my comand!

:)


E vou já de seguida ver o que se passa no teu canto!

A Escrita será sempre com paixão.




Beijo grande,

Freyja disse...

Cara Pearl,


O que as pessoas muitas vezes não entendem é a diferença entre Tabu e Privacidade. Infelizmente somos obrigadas/os a esconder a nossa intimidade, que noutras mentalidade, poderia não ser privada. A capacidade de raciocínio de cada um premite ler a veracidade na sombra das letras, e a incapacidade de acreditar faz de nós stripers sem rosto em vez de amantes do ser-se.

Isso é um comportamente típico que me assusta e que eu faço questão de contrariar nas minhas entrenhas.
Mas o que se há-de fazer se a desconfiança reside nos olhos de quem lê?! Eu continuo a escrever, como sempre, de peito aberto, esperando que um dia haja alguém igualmente insano que se dispa como eu.
Não quero com isto dizer que os que me lêem não o façam... digo sim que quiçá 90%! Não que me incomode a MIM esse facto, mas para o bem (no meu humilde ponto de vista) dos mesmo, seria tudo mais fácil se deixassem de ser tão desconfiados num mundo sem rosto - blogosfera.

Logo, compreendo perfeitamente a tua censura ao texto e de facto só lamento. Não por ti, mas por todos aqueles que contribuem para que se fechem os espaços contornados a lápiz azul...


Enfim... eu gosto mesmo é da nudez!

;)




Desnudos Beijos,

Pearl disse...

Compreendo e até aceito mas sinto por vezes a frustração de não ser livre em lado nenhum, e nem mesmo aqui!
Dispo-me comedidamente e confesso que esta atenção não a tinha no inicio, agora já sinto o seu peso em mim!

Cortei a parte inicial e apaguei-a para não cair na tentação de publicar!E senti-me bem mais confortavel depois!!

Despe-te que eu leio-te sempre com as maiores das atenções!

beijo grande

Freyja disse...

Cara Pearl,


Devido a circunstancias da vida, faço questão de ser livre dentro da barreira da sanidade de "cá" daí que mantenha o anonimato aqui. Na vida lá fora, assumo na totalidade e subscrevo o que escrevo sem vergonha nenhuma na cara!
;)


Mas o mais importante aqui é o facto de nos sentirmos confortáveis com o que publicamos. Cada um rege-se pelas suas próprias linhas e de acordo com a sua consciencia. E sinceramente espero não vir a sentir esse fardo... detesto o peso da roupa!


Obrigada pelo carinho!
:)



Beijo grande,

Peter Mary disse...

The pilow book

Bjs

Freyja disse...

Caro Peter Mary,


Nem sempre mas confesso-te secretamente que os escrevo mentalmente por aí nas minhas noites de insónias.


Melhores Cumprimentos,