Com as duas mãos coladas no punhal, espeto o bico e deixo a lamina rasgar um véu. Escorre o sangue de mais uma chaga...
A única imagem que se escorre pelo suado vidro do meu pensamento é a do El Rei D. Sebastião cantado pelo Zeca Afonso - Vinil ouvido vezes sem fim na minha infância. È uma figura imponente que se desvanece por entre o nevoeiro denso do desconhecido e que, para destoar da Lyric, faz replay inconsequente, deixando um rasto de confusão e imagem dúbia de uma presença ausente.
No meio do caos mental gerado resumo a significância do ser a de um rato de esgoto, sujo e fedorento, que se alimenta dos restos alheios e infesta a doença da dormência inconstante de uma sanidade pouco sã.
Não suponho sequer o malefício da inconstância da neblina mas questiono qual dos males será o maior. A ausência ou a doença? È uma conclusão lógica na minha mente que ainda não sei praticar; ás tantas pondero os riscos tendo em conta as consequências e grito até que a voz me doa num marco de pertença da razão, mas que o lado emocional cala num sufoco de uma mão. Não acho o peso certo numa balança torta.
Conheço os dois lados da medalha e sei que a dormência será latente até ao fim, mas também sei que a potente genética faz das suas e que, por experiencia própria, fará da ausência uma futilidade que se revelará emergente quando o auge do vínculo surgir.
Não sei se mate a esperança ou se deixe envenenar pela difusa neblina de um El Rei D. Sebastião, que em nada é Rei - O rato D. Sebastião.
Opto pelo repetido vezes sem fim "Foi Trabalhar", que se arrasta nos meus lábios num tom cansado e cinzento.
Um dia destes, digo-lhe que perdeu a única reminiscência salva de uma morte - My Precious. E aí? Aí, será tão tarde demais... acho que a única frase que lamberei por entre os caninos diferindo de um golpe fatal, com sabor a sangue, será: "Vai morrer longe, mas tão longe que nós não possamos sequer sentir-te o cheiro!"
3 comentários:
Por vezes já não temos mais nada o que dizer o que desculpar...talvez a tua frase seja a mais correcta para o que sentes!
beijo grande e abraço
Esta é uma delas?
Miguel é um nome bonito e reparo agora que fica bem (tatuado).
Com sabor a sangue... hum... assim são as tatuagens.
Caro Corvo,
Esta á uma delas sim. A outra está ao lado desta, centrada no meio das costas. Infelizmente, a foto é de tal amadorismo, que ficou quase completa, mas suponho que dá para perceber o que é...
Entretanto, há outra em vias de se concretizar que anunciarei a devido tempo. Quando houver tempo... (escapasse-me por entre os dedos)
De facto, o nome Miguel é de suma importancia para mim, não fosse o nome, a graça do My Precious. Curiosamente, é um nome que me acompanhou na mente desde que me lembro de ser gente. Daí que lhe tenha dado o nome Luís Miguel. Mas isto são outros quinhentos...
São marcos que transporto nas minhas costas o peso das minhas guerras. E em breve vou marcar mais uma vitória.
Daí que esteja de acordo, tatuagens são sempre com sabor a sangue, as minhas pelo menos...
Kiss on your fingertips,
Enviar um comentário