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Exalo o ar
evaporo o peso
exorcizo os poros
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evaporo o peso
exorcizo os poros
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fundo-me no ortopédico
carrego no ar
o meu chapéu de mil palhas
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fundo-me no ortopédico
carrego no ar
o meu chapéu de mil palhas
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escalpo cada uma
engulo-lhes a terra
disseco numa diarreia mental
segada palha do meu chapéu
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engulo-lhes a terra
disseco numa diarreia mental
segada palha do meu chapéu
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Sou o espantalho dos campos
obstinação calcária
prostrar penetrante taciturno
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Sou o espantalho dos campos
obstinação calcária
prostrar penetrante taciturno
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desenredo agonizante
enjoo da cadência
inevitável explanação
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desenredo agonizante
enjoo da cadência
inevitável explanação
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as asas no relevo da palha
os espantalhos não voam
permanecem ostracismos
vesiculares juncos do meu chapéu.
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as asas no relevo da palha
os espantalhos não voam
permanecem ostracismos
vesiculares juncos do meu chapéu.
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12 comentários:
Mas não assustas nem afugentas, não... em vez disso animas os campos com a tua dança ao vento!palavras que gritas e são muito bem ouvidas!
beijo para ti
Cara Pearl,
Ainda hoje penso que sim. Até porque me sinto cada vez mais assutada... comigo mesma!
Ando incapaz de esboçar graciosidade...
O estranho é que no dia a dia tenho toda a energia do mundo e quando me desfaço dos sentimentos e pensamentos meus do dia só me sai é misérias.
Sinto como se fosse um potente Beat numa discoteca em que o Strob me ofusca a vista. A luz do Strob será portanto a graciosidade e a cada dia que passa, a cada dia que penso, sinto e escrevo, os intervalos do catrapiscar do Strob são cada vez maiores deixando-me no escuro mais tempo. Mas que hei-de eu de escrever se não o que sinto e penso? Não sei inventar histórias, muito menos incongruentes com o meu ser.
Um dia destes acende-se o Strob de vez... é esta esperança que me faz mover e contornar os obstáculos no meio da negridão.
Um dia destes mudo a lâmpada do Strob, desconfio que anda a fazer mau contacto.
Beijo grande de mim para ti,
Deixa que a Strob se parta em mil pedaços não vês que não precisas dela! O teu brilho és tu que o tens, pode andar mais apagado, talvez uma certa falta de contacto de ti para ti mas está aí!(costumo vê-lo por aqui misturado com o que escreves).
Eu mesma não ando menos miserável (sorrisos) mas mesmo na minha "miséria" vou dançando e cantado eu sou o Beat!
Está tarde vamos dormir!
beijo grande e até a amanhã!
Cara Pearl,
Efectivamente nem dei pelas horas... já é bastante tarde.
Esta noite vou sonhar com o Strob e amanhã dou-te uma resposta!
hihi
Beijo grande e noite descansada,
"as asas no relevo da palha
os espantalhos não voam"
...
Caro João C. Santos,
Antes de mais é um prazer recebe-lo nas minhas letras.
Efectivamente foi nessas curtas palavras que sumariamente me defeni...
Melhores Cumprimentos,
Somos o que escrevemos ou escrevemos o que somos?
Caro João C. Santos,
Estava neste preciso momento a escrever sobre isso. Seguimos portanto a mesma linha do comboio.
È difícil de exprimir tamanha imensidão da sua pergunta num texto "monocromático" que julgo ser um reflexo intimo de nós. Os que escrevem.
Eu escrevo o que sinto, penso e sou, e é através desse escrever que por vezes me acho numa linha de pensamentos que aqui construo. Daí que sou o que escrevo e escrevo o que sou.
No entanto não olvido a construção simbólica de muitos textos que escrevo e leio, o que no meu ver, não deixa de ser o que sou e igualmente não deixa de ser a escrita de mim e mim da escrita.
Mesmo por detrás dos mais fabulosos contos de fadas reside o etéreo ser que desenhou as letras. Mas... quiçá, quem lê não é o que eu escrevo? Não é um outro eu? Passo a explicar. Ao ler um texto esforço-me para ver a perspectiva superior da caneta de quem escreve. Logo debruço-me sobre o escriba e tento incorporar a sua pele no anseio de viver as letras explanadas. Às tantas, eu não sou nada, sou meramente os olhos de quem me lê... Ou será ao contrário?!
Se me permitir acho um meio termo. Sou aquilo que escrevo e escrevo aquilo que sou, mas acrescento que os que lêem, seja eu ou outra pessoa, passam a ser aquilo que escrevo e passam a escrever aquilo que sou... Isto porque estabeleço á priori o entendimento de quem me lê, me sente.
Este balanço é feito num vai e vem que se estende: ser, escrever, ser, ler, ser.
Melhores Cumprimentos,
"Eu escrevo o que sinto"
explica-me isto...
Caro João C. Santos,
Explicarei então.
Antes de mais, queria fazer um rápido rascunho do porquê.
Tenho uma compulsão pela escrita, que me impele a deixar aqui, resíduos de mim. Daí que escrevo o que sinto efectivamente.
Ora nem todos os meus textos são pensamentos meus originados na minha reflexão. Alguns são observações e devaneios do que vejo, ou do que leio.
Se leio, vejo, penso, sinto, logo, escrevo. Mas ressalvo que não será necessariamente por esta ordem.
Tento traduzir para palavras as cornucópias que se plantam em mim.
Quer sejam delicadas e graciosas, quer sejam violentas. Só não consigo guardar para mim todos os pensamentos que tenho e teorias sobre o que quer que seja... È como as paixões avassaladoras e viciantes.
Eu, ao longo de muitos anos, fechei dentro de uma gaveta poeirenta, todos os textos que habitaram em mim. Certo dia, uma certa personagem, a quem deleito o meu mais profundo obrigada, introduziu na minha memória, os meus cadernos e folhas soltas que guardei carinhosamente.
Nesse dia os meus olhos fecharam-se e desencaixotaram o prazer da escrita. Que afinal, tanto me tem ajudado a sobreviver...
Imagine, se fizer favor, que está á janela de sua casa e sem querer observa uma qualquer cena, supostamente íntima, mas que os seus olhos sem querer, captaram. Pode ser por exemplo, uma conversa entre dois velhos amigos. Os seus ouvidos e olhos lêem toda a situação e induzem-lhe uma certa linha de raciocínio, que por sua vez o faz considerar uma série de coisas. Nessas situações, eu não sei não escrever o que senti e pensei.
Tem outras situações em que um breve olhar me faz penetrar a alma de outros. Visto-lhes a pele. Considero que seja difícil de perceber, mas efectivamente sou sensível e facilmente me deleito no sentir. Quer ele seja causado por mim, ou pelos outros.
E devido á minha compulsão pela escrita. Escrevo o que sinto. Mesmo que seja disfarçado por entre um conto de fadas ou na descrição de um pequeno-almoço tomado numa qualquer esplanada.
Espero que tenha entendido que sinto inúmeras coisas e que as escrevo. À minha maneira, por entre o meu pestanejar, mas deixo aqui e ali, as pétalas do meu sentir.
Será possível escrever sem sentir?!
Melhores Cumprimentos,
Creio que é bem possível escrever sem sentir, temos isso bem provado na folhas meliantes que abonam por entre montras e caixas com um cheiro agonizante a novo. O novo não me enoja, só me perturba, quando não é feito com alma.
Parabéns pela ausência do medo em se mostrar, a mim, que de lado nenhum me conhece, talvez aqui, onde as palavras são mais do que tudo isto que se consegue ler.
Eu sinto o que escrevo.
Cumprimentos.
Caro João C. Santos,
Esboçei um sorriso através do cheiro a novo, o plástico construir do PVC.
E mais uma vez, leituras só serão possíveis se houver olhos de ler.
Um Obrigada sincero por estra conversa tão agradável.
Melhores Cumprimentos,
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