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Sento-me, na velha cadeira de braços desmaiados e encosto a cabeça no desgastado tecido desbotado. Acendo mais um, e respiro-o à janela semi-aberta espreitando o silêncio das horas, dos dias... Transpira o vidro pela temperatura quase negativa que se respira lá fora. Inspiro mais um bafo, solto mais um acorde dos meus pensamentos e digiro mais uma noite de incontrolável turbilhão suspenso no fio da navalha, onde se corta, em fina fatias delicadas, o desejo, como se tratasse de uma película de um filme, que revejo, vezes sem fim nas suas inúmeras possibilidades de pós-produção…
Com os dedos desenho na janela os nomes que o sonho tem no replay, sonante, constante e gritante, ao meu ouvido. Poisado no meu ombro esquerdo, rubro e fervente balbucia os nomes com o seu bafo quente no exalado perfume morno do pescoço… Escorre a humidade pelo vidro, como se de o próprio suor na tez se tratasse, e viajo nas gotas que me transportam à criação do mundo, lânguido, húmido e transcendente…
Esboço um sorriso, dou pelo cigarro ardido, no meio dos dedos irrequietos e risco mais um dia do calendário…
Com os dedos desenho na janela os nomes que o sonho tem no replay, sonante, constante e gritante, ao meu ouvido. Poisado no meu ombro esquerdo, rubro e fervente balbucia os nomes com o seu bafo quente no exalado perfume morno do pescoço… Escorre a humidade pelo vidro, como se de o próprio suor na tez se tratasse, e viajo nas gotas que me transportam à criação do mundo, lânguido, húmido e transcendente…
Esboço um sorriso, dou pelo cigarro ardido, no meio dos dedos irrequietos e risco mais um dia do calendário…
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2 comentários:
"Com os dedos desenho na janela os nomes que o sonho tem no replay, sonante, constante e gritante, ao meu ouvido"
Haverá sempre quem conte e conste na lista do nosso elenco, que faça parte da série que que por vezes é a nossa vida!
Que seja longa mesmo que não tenha audiência!
beijos e abraço!
"Existe alguma coisa de nossa consciência, de nossa personalidade moral, de nossa inteligência, de nosso eu, que sobreviva à decomposição do nosso invólucro material?"
(León Denis)
O vidro separa-nos do mundo mas deixa-nos ver o caminho. Excelente prosa. Bjs
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