sábado, 26 de dezembro de 2009

Esplanadação

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Tenho no peito uma esplanada ao sol

na alma um chá quente com sabor a menta.

No corpo tenho uma cadeira,

nos olhos um livro e na mão,

tenho um bolso cheio de pequenos tudos.

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Na memória tenho uma vida,

passada à janela e assistida

por um luar fresco.

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Na língua trago a conjunção do verbo

das metáforas que rendilho a pérolas

a longos pontos dourados,

sem remate, nem fim.

Uma ponta solta.

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Nas pernas trago as curvas do carácter,

nas coxas trago o nariz,

o aroma inebriante do ventre.

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(De dia tenho o sol dos pontos

e à noite tenho o luar das pérolas.)

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Trago árvores e ramos e folhas

e caules e pétalas e…

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Transporto-me, carrego-me e escolto-me

nas pedras da calçada,

no amarelo que me faz mais verde

no azul que me faz mais à janela.

Peso-me vermelha na cor da existência,

branca na leveza da minha alma

e…

verde, no profundo ambíguo dos olhos.

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Inconfessa e obtusa, vos brindo com boas festas.

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