Tenho no peito uma esplanada ao sol
na alma um chá quente com sabor a menta.
No corpo tenho uma cadeira,
nos olhos um livro e na mão,
tenho um bolso cheio de pequenos tudos.
Na memória tenho uma vida,
passada à janela e assistida
por um luar fresco.
Na língua trago a conjunção do verbo
das metáforas que rendilho a pérolas
a longos pontos dourados,
sem remate, nem fim.
Uma ponta solta.
Nas pernas trago as curvas do carácter,
nas coxas trago o nariz,
o aroma inebriante do ventre.
(De dia tenho o sol dos pontos
e à noite tenho o luar das pérolas.)
Trago árvores e ramos e folhas
e caules e pétalas e…
Transporto-me, carrego-me e escolto-me
nas pedras da calçada,
no amarelo que me faz mais verde
no azul que me faz mais à janela.
Peso-me vermelha na cor da existência,
branca na leveza da minha alma
e…
verde, no profundo ambíguo dos olhos.
Inconfessa e obtusa, vos brindo com boas festas.
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